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Seborreia canina: o que é? como tratar?

Atualizado: 26 de dez. de 2023

A seborreia canina também conhecida como dermatite seborreica canina, é uma condição dermatológica caracterizada por um distúrbio na queratinização cutânea e na secreção do sebo. Nos quadros clínicos de seborreia em cães observa-se oleosidade e/ou descamação excessiva na pele.


seborreia canina

O que causa seborreia em cães?

A seborreia canina pode ser desencadeada por uma ampla gama de enfermidades, incluindo:

  • Alergias (DAPP, Atopia, etc)

  • Infecções fúngicas (dermatite por malassezia, dermatofitose, etc)

  • Infecções bacterianas (piodermite, etc)

  • Desequilíbrios hormonais

  • Doenças autoimunes

  • Neoplasias

  • Distúrbios dietéticos

  • Dentre outros


Quando a seborreia ocorre como consequência de uma outra enfermidade, esse tipo de seborreia é conhecido como seborreia secundária. Já a seborreia primária ocorre como uma predisposição genética onde há um distúrbio hereditário da proliferação epidérmica. As raças mais comumente acometidas pela seborreia primária são:


  • West Highland White Terrier

  • Cocker Spaniel Americano

  • Basset Hound


Nesses cães geralmente há uma história familiar da doença e a sintomatologia clínica se inicia em idade bem jovem (antes de 1 ano). No entanto, a seborreia secundária é muito mais encontrada e diagnosticada na prática clínica veterinária.


Classificações da seborreia canina

A classificação da seborreia é um tema amplamente discutido entre os pesquisadores, e existem diferentes abordagens para classificar essa condição. Duas classificações amplamente aceitas são:


Classificação mais antiga

  • Seborreia seca

  • Seborreia oleosa

  • Seborreia mista

Seborreia seca: caracterizada por um aumento no turnover epidérmico, resultando no acúmulo de escamas (popularmente conhecidas como "caspas") no corpo do animal.


Seborreia oleosa: caracterizada por uma produção excessiva de sebo pelas glândulas sebáceas da pele. Isso deixa a uma pele com aspecto "engordurado", brilhante e com odor forte. Esse odor geralmente piora se a seborreia for acompanhada por uma infecção secundária bacteriana ou fúngica na pele.


Seborreia mista: ocorre quando o animal apresenta tanto alterações da seborreia seca quanto da seborreia oleosa.


Classificação mais recente proposta por Larsson et al 2019

  • Seborreia

  • Disqueratinização

Seborreia: quadros em que há aumento na oleosidade.


Disquertinização: quadros de descamação excessiva.


Esses dois tipos de classificações são igualmente válidos e podem ajudar na compreensão e no tratamento da seborreia canina.


Quais são os sinais clínicos da seborreia?

A seborreia geralmente acomete áreas da pele ricas em glândulas sebáceas, especialmente a região dorsal. Além disso, regiões de dobra cutânea, são comumente afetadas. A manifestação clínica do distúrbio de queratinização é a visualização de escamas. Pode haver untuosidade de pele e pelagem, eritema, etc.

  • Descamação excessiva (escamas visíveis)

  • Pele e pelagem oleosa

  • Presença de crostas

  • Odor forte

  • Alopecia ou rarefação pilosa


Como a seborreia é diagnosticada?

O diagnóstico da seborreia é feito com base na anamese, exame físico e exames complemenares. As causas subjacentes de seborreia precisam ser investigadas através de exames dermatológicos (raspado cutâneo, culturas de fungos e bactérias, histopatológico etc) além de testes sistêmicos (exames hormonais, hemograma,etc) a depender de cada caso. Geralmente esses são os exames comumentes solicitados:

  • Exames dermatológicos (RC, citologia, exame histopatológico, cultura bacteriana, cultura fúngica, etc)

  • Exames sistêmicos (hemograma, ALT, AST, FA, Ureia, Creatinina, exames hormonais, triglicérides, colesterol, etc)


Tratamento seborreia em cães

O tratamento é direcionado à causa subjacente (hormonal, nutricional etc). Porém, até que a causa de base seja devidamente identificada e tratata, pode-se realizar a terapia tópica principalmente pela prescrição dos xampus terapêuticos que atuam restaurando e normalizando a renovação dos queratinócitos.


Esses shampoos terapêuticos podem ter ação queratolítica e/ou queratoplástica:


Xampus queratolíticos: são formulados para auxiliar na remoção e controle do excesso de queratina na pele. Eles contêm principios ativos que ajudam a suavizar e eliminar as células mortas e escamas acumuladas na superfície da pele. Exemplos de principios ativos queratolíticos: enxofre, ácido salicílico, alcatrão, sulfeto de selênio e peróxido de benzoíla.


Xampus queratoplásticos: ajudam a normalizar a queratinização e reduzem a formação de escamas. Alguns exemplos de principios ativos: alcatrão, enxofre, ácido salicílico e sulfeto de selênio.


Ácido salicílico: ácido salicílico é um agente queratolítico ou queratoplástico a depender da concentração. Comumente é associado ao enxofre pelo sinergismo terapêutico. Ele ajuda a remover o acúmulo de células mortas e escamas da pele, além de possuir atividade anti-inflamatória. A concentração comumente usada é de 3%.


Sulfeto de selênio: tem ação queratolítica e queratoplática, auxiliando na remoção das escamas, reduzindo a renovação epidérmica e ação “desengordurante". Além disso, tem ação antifúngica. Pode causar efeito rebote, ou seja, aumento na produção de sebo e irritação da pele. A concentração comumente usada é de 2,5%.


Peróxido de benzoíla: o peróxido de benzoíla ajuda a reduzir a inflamação e a oleosidade, além de promover a remoção de células mortas e a desobstrução dos folículos pilosos (ação de limpeza folicular). Além disso, é um ingrediente com propriedades antimicrobianas. Seu uso contínuo pode causar ressecamento excessivo. A concentração comumente usada é de 2,5 a 5%.


Hidradantes: os hidratantes desempenham um papel importante no tratamento da seborreia canina, ajudando a restaurar a hidratação adequada da pele e a melhorar a função de barreira cutânea. Eles podem ser utilizados em conjunto com outros tratamentos, como shampoos ou outras terapias tópicas. Os hidratantes/umectantes geralmente contêm ingredientes como óleos naturais, ceramidas, glicerina, fitoesfingosina, ureia etc. Além disso podem ter propriedades calmantes e anti-inflamatórias, ajudando a reduzir a irritação na pele.



Dúvidas frequentes da internet

Seborreia canina é contagiosa?

Não! A seborreia canina não é contagiosa. No entanto, vale lembrar que algumas causas de seborreia como dermatofitose ou escabiose são sim contagiosas para outros animais ou até seres humanos. Consulte um veterinário para informações específicas.


Como tratar seborreia canina?

O tratamento é sempre direcionado à causa da seborreia (hormonal, nutricional, infecciosa etc). Porém, até que a causa de base seja devidamente identificada e tratata, pode-se realizar a terapia tópica principalmente pela prescrição dos xampus terapêuticos que atuam restaurando e normalizando a renovação dos queratinócitos.


Sobre a autora

Dra Aline Santana é médica veterinária formada pela Universidade Federal de Viçosa, com residência em clínica médica de pequenos animais pela mesma instituição. Possui mestrado e doutorado em Ciências pelo Departamento de Clínica Médica da FMVZ/USP, com período de intercâmbio realizado no exterior (University of Minnesota, Estados Unidos). Desde 2012, Dra. Aline Santana é sócia da Sociedade Brasileira de Dermatologia Veterinária (SBDV). Durante o período de 2015 a 2021, atuou como diretora de mídias e colaboradora da SBDV.

Este texto é uma criação original e está protegido pela lei de direitos autorais. Todos os direitos estão reservados à autora, sendo proibida a reprodução, distribuição, exibição ou qualquer forma de uso sem a expressa autorização por escrito da autora. Qualquer uso não autorizado do conteúdo deste website constitui violação dos direitos autorais e estará sujeito a medidas legais. Caso você tenha interesse em utilizar este texto ou parte dele, por favor, entre em contato através do seguinte endereço de e-mail: dermaconecta@gmail.com


Referências

W. Rosenkrantz. Practical applications of topical therapy for allergic, infectious, and seborrheic disorders. Clin Tech Small Anim Pract, 21 (3) (2006)


LARSSON, C.E.; LUCAS, R. Tratado de Medicina Externa: Dermatologia Veterinária. 2ªed Interbook. São Paulo, 2019

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