Esse é um estudo bastante interessante que investigou a influência da raça, da região corporal e do ambiente na variabilidade microbiana da pele de ovelhas.
As comunidades bacterianas (16S rRNA) de 89 ovelhas de três raças distintas foram caracterizadas usando next-generation sequencing. Amostras foram coletadas da região abdominal, da orelha e membros pélvicos.
De acordo com os pesquisadores, o ambiente foi o principal fator na variação microbiana da pele, superando até mesmo a influência genética.
Em outras palavras, a exposição a diferentes ambientes externos teve um papel significativo na composição da diversidade microbiana.
Dermatologia comparada
Algo semelhante já foi evidenciado no microbioma cutâneo de gatos, onde gatos com maior acesso a ambientes externos apresentavam maior diversidade bacteriana.
Opinião pessoal
Muito se fala da “teoria da higiene” na dermatologia veterinária. Uma teoria que defende que cães criados em ambientes confinados, com pouca interação com outros animais e exposição limitada a diferentes alérgenos, podem ter maior propensão a desenvolver alergias.
Pensando pelo lado do microbioma, isso faz muito sentido.
Esse confinamento pode repercurtir na diversidade microbiana, o que final do dia pode estar de alguma maneira “enfraquecendo” ou tornando mais vulnerável os sistemas de defesa da pele.
Porque uma vez que há uma menor diversidade microbiana, pode haver um subsequente comprometimento na produção de peptídeos microbianos e de outros mecanismos de defesa da pele.
Logo, um sistema de barreira comprometido pode facilitar as disbioses, as infecções de repetição, a penetração percutânea de alérgicos, a perda transepidérmica de água, etc
Leia também: Quer entender o que é a disbiose?
Sobre a autora Dra Aline Santana é médica veterinária formada pela Universidade Federal de Viçosa, com residência em clínica médica de pequenos animais pela mesma instituição. Possui mestrado e doutorado em Ciências pelo Departamento de Clínica Médica da FMVZ/USP, com período de intercâmbio realizado no exterior (University of Minnesota, Estados Unidos). Desde 2012, Dra. Aline Santana é sócia da Sociedade Brasileira de Dermatologia Veterinária (SBDV). Durante o período de 2015 a 2021, atuou como diretora de mídias e colaboradora da SBDV.