De maneira geral e proporcionalmente, a medicina felina recebe menos atenção e investimentos da indústria. Por ser um mercado menor do que o de cães, naturalmente acaba não entrando na linha de maior prioridade.
Além disso, existe um estigma de que os gatos são animais “complicados” e “difíceis de entender”. Com isso cria-se uma barreira onde o número de estudos, investigações e financiamento de pesquisas passa a ser reduzido. Consequentemente acaba sendo uma espécie menos estudada e menos compreendida.
Outro fator relevante é que os gatos tem várias particularidades fisiológicas. Isso em certo ponto dificulta o desenvolvimento de soluções “one-size-fits-all” ou as chamadas soluções de inovação universal. Ou seja, os gatos podem precisar de soluções mais personalizadas, o que torna o processo de inovação mais complexo e robusto.
Além de todas essas variáveis fisiológicas e estratégicas de mercado, existem até aspectos culturais e sociais envolvidos. Os gatos, ao contrário dos cães, não costumam receber tantos holofotes ou estar presentes nas grandes mídias. Essa menor visibilidade, somada ao estigma de que são animais “independentes” reforça a ideia equivocada de que não precisam de cuidados médicos ou com a saúde.
Diversos fatores contribuem para um menor entendimento sobre a espécie felina e para um menor investimento em inovação. Porém, com a expansão do número de tutores de gatos, naturalmente deve ocorrer uma demanda por inovação. Afinal, os gatos também precisam de cuidados especializados, tratamentos avançados e soluções inovadoras.
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Sobre a autora
Dra Aline Santana é médica veterinária formada pela Universidade Federal de Viçosa, com residência em clínica médica de pequenos animais pela mesma instituição. Possui mestrado e doutorado em Ciências pelo Departamento de Clínica Médica da FMVZ/USP, com período de intercâmbio realizado no exterior (University of Minnesota, Estados Unidos). Desde 2012, Dra. Aline Santana é sócia da Sociedade Brasileira de Dermatologia Veterinária (SBDV). Durante o período de 2015 a 2021, atuou como diretora de mídias e colaboradora da SBDV.