A dermatite atópica canina é caracterizada por disbiose microbiana e aumento da colonização estafilocócica durante os episódios de crise. Com o aumento da prevalência de Staphylococcus resistentes à meticilina (MRSP), há uma crescente busca por novas soluções terapêuticas.
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Pesquisa clínica
Em uma pesquisa recente publicada na Veterinary Dermatology, foi avaliado a a segurança clínica e tolerabilidade dos banhos de hipoclorito de sódio com concentração final de 0,005% em pacientes caninos.
Os banhos foram realizados duas vezes por semana durante um período de quatro semanas, totalizando oito banhos. Foram avaliados os níveis de eritema e descamação cutânea, juntamente com análises de qPCR para S. pseudintermedius.
Destaco alguns achados e conclusões dessa pesquisa
O uso do hipoclorito de sódio foi bem tolerado e nenhum dos cães apresentou sinais de eritema ou descamação na pele.
Não houve diferença estatística na abundância absoluta de S. pseudintermedius durante o tempo avaliado.
Os autores concluem que o uso de hipoclorito de sódio a 0,005% foi bem tolerado em cães saudáveis, destacando, no entanto, a limitação do baixo número amostral (apenas 4 animais avaliados).
Os autores reforçam que a avaliação foi realizada em cães saudáveis e ressaltam a necessidade de avaliar a eficácia e tolerabilidade em cães com piodermite.
Minha perspectiva
A pele de um cão em crise de dermatite atópica com piodermite ativa, tecnicamente não é comparável a de um cão hígido. Há um processo de disbiose, quebra de barreira cutânea e ativação da inflamação que podem tornar a pele muito mais sensível. Isso significa que os dados dessa pesquisa não devem ser diretamente interpretados ou generalizados para outras condições dermatológicas.
Referência: Banovic F, Reno L, Lawhon SD, Wu J, Hoffmann AR. Tolerability and the effect on skin Staphylococcus pseudintermedius density of repeated diluted sodium hypochlorite (bleach) baths at 0.005% in healthy dogs. Vet Dermatol. 2023
Sobre a autora
Dra Aline Santana é médica veterinária formada pela Universidade Federal de Viçosa, com residência em clínica médica de pequenos animais pela mesma instituição. Possui mestrado e doutorado em Ciências pelo Departamento de Clínica Médica da FMVZ/USP, com período de intercâmbio realizado no exterior (University of Minnesota, Estados Unidos). Desde 2012, Dra. Aline Santana é sócia da Sociedade Brasileira de Dermatologia Veterinária (SBDV). Durante o período de 2015 a 2021, atuou como diretora de mídias e colaboradora da SBDV.
Atenção: As informações fornecidas neste texto são de natureza informativa e não substituem a orientação e o diagnóstico de um médico veterinário qualificado. É fundamental que você consulte um profissional qualificado antes de iniciar qualquer tratamento ou intervenção terapêutica em seu animal de estimação. Priorize o bem-estar do seu animal e agende uma consulta com um médico veterinário. Ao buscar atendimento profissional, você estará proporcionando ao seu pet os cuidados adequados e garantindo sua saúde e qualidade de vida.