Essa é uma pergunta chave dentro da dermatologia veterinária. E entender esses mecanismos nos ajudaria a desenvolver soluções para tratar (ou até mesmo estratégias de prevenção) para a dermatite atópica canina.
Sabemos que os defeitos na barreira cutânea são um dos principais gatilhos que levam ao aumento da permeabilidade epidérmica e à sensibilização alérgica. Ali é onde tudo começa. Mas a grande dúvida é: esses defeitos são primários (geneticamente determinados) ou secundários causados pela inflamação?
Uma pesquisa recente do Dr Daniel Combarros e outros pesquisadores na França investigou exatamente isso. Pra responder essa pergunta, eles usaram um modelo de reconstrução de pele canina que só aí já é uma grande inovação. Depois caracterizaram a expressão de proteínas da barreira epidérmica em células de cães saudáveis e cães com DAC.
Eles descobriram que quando as citocinas inflamatórias (IL-4, IL-13, IL-31 e TNFα) foram adicionadas ao meio de cultura, os queratinócitos atópicos e saudáveis se comportaram de forma semelhante. Sugerindo que as alterações na expressão de proteínas são induzidas pelo ambiente inflamatório, e não por características intrínsecas das células.
Uma das grandes conclusões do estudo é que a redução da expressão das proteínas da barreira epidérmica observada na pele dos cães atópicos não foi reproduzida in vitro, a menos que as citocinas inflamatórias fossem adicionadas. Isso sugere que o ambiente inflamatório é o principal fator responsável pelos defeitos na barreira cutânea, até porque o ambiente inflamatório dificulta a reparação da própria barreira cutânea.
Dr Daniel essa é uma excelente pesquisa. Ela traz respostas valiosas e que podem nos ajudar no futuro a desenvolver melhores estratégias de prevenção e tratamento da DAC. E todos esses dados me reforçam a pensar que a “teoria da barreira epitelial” tanto falada na dermatologia humana deve ser melhor investigada na veterinária.
O artigo tem 14 páginas e por isso só compartilhei aqui alguns pontos principais. Vale a leitura completa (acesso gratuito): https://lnkd.in/dnyBbjpz
Sobre a autora
Dra Aline Santana é médica veterinária formada pela Universidade Federal de Viçosa, com residência em clínica médica de pequenos animais pela mesma instituição. Possui mestrado e doutorado em Ciências pelo Departamento de Clínica Médica da FMVZ/USP, com período de intercâmbio realizado no exterior (University of Minnesota, Estados Unidos). Desde 2012, Dra. Aline Santana é sócia da Sociedade Brasileira de Dermatologia Veterinária (SBDV). Durante o período de 2015 a 2021, atuou como diretora de mídias e colaboradora da SBDV.