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Diretrizes para biópsia de pele: dicas e recomendações de patologistas veterinários para clínicos

Atualizado: 22 de mai. de 2023

*O compartilhamento desse resumo em português foi devidamente autorizado pelos autores, garantindo sua legalidade e ética. Autorização concedida em 25.04.23 pela Dra Aline R. Hoffmann (University of Florida).


O artigo completo está disponível em: https://doi.org/10.2460/javma.22.12.0586


Esse artigo tem por objetivo apresentar diretrizes gerais para ajudar o clínico a obter os melhores resultados ao coletar biópsias de pele. Uma coleta apropriada é fundamental para obter os melhores resultados.


Quando o clínico deve coletar biópsias de pele?


Em muitos casos, o exame histopatológico pode não fornecer um diagnóstico definitivo, mas pode orientar o clínico sobre o tratamento mais adequado ou sobre testes de diagnóstico adicionais a serem executados para alcançar o diagnóstico. As indicações para biópsia são:

  1. Qualquer caso que seja suspeito de apresentar as principais doenças que podem ser facilmente diagnosticadas por meio de biópsia/histopatológico.

  2. Uma dermatopatia que não esteja respondendo à terapia presumivelmente apropriada.

  3. Qualquer dermatopatia que, na experiência do clínico, seja incomum ou pareça grave.

  4. Todas as dermatopatias nodulares, incluindo condições neoplásicas ou suspeitas de neoplasia.

  5. Lesões pustulosas e bolhosas.

  6. Distúrbios alopécicos não causados por prurido ou grooming

  7. Qualquer condição suspeita para a qual a terapia seja onerosa, arriscada ou demorada para exigir um diagnóstico definitivo antes de iniciar o tratamento.


Fatores a considerar antes de realizar a biópsia


Sob condições ideais, os corticosteróides orais e terapias imunomoduladoras devem ser descontinuadas de 2 a 3 semanas antes da biópsia. Corticosteróides injetáveis de longa duração devem ser descontinuados previamente por 6 a 8 semanas, se possível. Quando a suspensão não for possível sugere-se uma discussão prévia com o patologista responsável.


As infecções secundárias podem atrapalhar a avaliação do patologista, portanto é crucial eliminar as infecções secundárias com terapia apropriada antes da realização da biópsia. Se isso não for possível, os clínicos precisam ter em mente que uma nova biópsia pode ser necessária no futuro.


Fatores que ajudam a obter a maior quantidade de informações das amostras de biópsia de pele

  1. Recomenda-se enviar as amostras para um veterinário dermatopatologista

  2. Recomenda-se fortemente o envio de múltiplas biópsias de pele. Em geral, recomenda-se pelo menos 3 a 4 fragmentos de pele representativos de diferentes lesões.

  3. Envio da história clínica completa

  4. Deve-se incluir uma lista com prováveis diagnósticos diferenciais

  5. Se possível incluir as fotografias das lesões junto ao envio da amostra.


Seleção e técnica de biópsia


As lesões primárias devem ter preferência e ser biopsiadas primeiro. Estas incluem máculas, pápulas, pústulas, vesículas, bolhas e nódulos.


(Consulte detalhes das figuras no arquivo original https://doi.org/10.2460/javma.22.12.0586)


Lesões secundárias devem ser incluídas junto das lesões primárias ou quando as primárias não estiverem presentes. As alterações secundárias incluem crostas, colaretes epidérmicos, cicatrizes, escoriações, erosão, úlceras, fissuras, liquenificação e calos (Figura 2 - Consulte no arquivo original). Em caso de dúvida sobre onde biopsiar, discuta previamento com o patologista responsável.


Como biopsiar?


Em geral, uma punção de 6 ou 8 mm fornecerá uma amostra adequada na maioria dos casos (Figura 3 - Consulte no arquivo orginal). As punções de 4 mm são reservadas para locais mais difíceis, como região periocular, pavilhão auricular, plano nasal e coxins plantares de cães e gatos pequenos.


As lesões primárias devem estar localizadas no centro do punção (Figuras 3 e 4 - Consulte no arquivo original). Não inclua muito tecido normal; caso contrário, a lesão pode não ser seccionada adequadamente.


O clínico deve estar ciente de que, após a fixação com formalina, o eritema e as alterações de cor muitas vezes não são detectáveis pela pessoa que secciona a amostra e pequenas lesões, como pápulas e pústulas, podem não ser vistas, portanto, a localização das lesões no centro da amostra ajuda a evitar este problema.


Com distúrbios alopécicos, no mínimo 3 amostras devem ser enviadas. Duas amostras da área mais alopécica e outra amostra da pele com pelos normais. Amostras de biópsia marginal de pele alopécica concomitante com pelo normal não são recomendadas e devem ser evitadas. Se uma amostra de pele normal for enviada, certifique-se de incluir essa informação no formulário de envio.


Em distúrbios nodulares subcutâneos, incluindo condições neoplásicas, uma biópsia por punção pode ser muito superficial e pode não ser representativa da lesão. Nesses casos, uma biópsia em cunha geralmente terá mais sucesso.


Você deve ou não preparar o local da biópsia?


Em geral, a biópsia coletada para histopatologia não deve ser preparada, pois é importante preservar a crosta e não danificar a epiderme. Se estiver lidando com um distúrbio nodular profundo, o local da biópsia pode ser preparado para obter a amostra mais asséptica para culturas bacterianas e fúngicas.


Os pelos no local podem ser aparados com tesoura acima das áreas onde há descamação e crostas abundantes. A superfície deve ser deixada intacta ou, se for absolutamente necessário, pode-se utilizar álcool 70% por cima. Para lesões superficiais, nunca esfregue com antissépticos.


Lave (se necessário) com água e seque. Mantenha intactas as crostas e escamas e, se descamarem, encaminhe-as para avaliação histológica, principalmente em casos suspeitos de pênfigo foliáceo.


Anestesia local contendo 1 a 2 mL de lidocaína (1 a 2%) devem ser injetados por via subcutânea com uma agulha calibre 25G. Os bloqueios em anel são mais apropriados quando há suspeita de paniculite, pois uma injeção no subcutâneo/panículo resultará em artefato tecidual.


Tenha cuidado com as doses de lidocaína injetadas em cães e gatos pequenos e não exceda a dose total de 5 mg/kg para cães e 2,5 mg/kg para gatos. A lidocaína pode ser diluída 1:1 com solução salina para esses pacientes pequenos. Não injete o anestésico local diretamente no tecido que será submetido, pois isso introduzirá artefato.


Lidocaína, bicarbonato e epinefrina inibem várias bactérias gram-positivas e gram-negativas, micobactérias e fungos. Nos casos em que o tecido está sendo obtido para cultura, um bloqueio em anel, anestesia regional ou anestesia geral é mais apropriado.


O punch de biópsia deve ser girado em uma direção até que você o sinta perfurar o tecido, para se evitar o cisalhamento do mesmo (Figura 3 - Consulte no arquivo original).


Todas as amostras devem ser colocadas em formol a 10% imediatamente após a biópsia para evitar a autólise, que ocorre rapidamente e pode comprometer a interpretação histológica.


Como interpretar o laudo histopatológico?


O laudo geralmente inclui a descrição histológica da lâmina, um diagnóstico morfológico e uma seção de comentários. Mesmo que o diagnóstico não possa ser confirmado, conhecer o padrão histológico das lesões cutâneas pode ajudar o clínico a selecionar as opções de tratamento mais adequadas para os pacientes.


Se uma lista de diferenciais foi previamente fornecida pelo clínico, o patologista geralmente fornecerá comentários explicando por que certos diferenciais são plausíveis e se encaixam nos padrões histológicos observados ou os motivos pelos quais os diferenciais foram excluídos/descartados.


Nos casos onde suspeita de dermatopatias infecciosas, comunique-se com o patologista e, se for observada inflamação abundante, solicite ao patologista que faça colorações especiais, caso não tenham sido feitas inicialmente. Lembre-se de que as colorações especiais têm baixa sensibilidade para identificar organismos infecciosos nos tecidos.


Assim, os casos suspeitos de dermatopatia infecciosa devem ser sempre acompanhados da submissão de amostras frescas para cultura fúngica/bacteriana. Essas amostras com essa destinação podem ser coletadas ao mesmo tempo em que em que se obtem os fragmentos de biopsia em formalina para histopatologia; no entanto, eles precisam ser apresentados em salina e não pode ser fixada em formalina.


Considerações finais


O reconhecimento da lesão e a seleção e técnica da biópsia de pele são habilidades que levam anos de prática para serem aperfeiçoadas. Como em todos os aspectos da prática da medicina veterinária, sempre há espaço para melhorias e aprendizado ao longo da vida.


Os autores esperam que esta revisão forneça algumas dicas úteis para clínicos e patologistas em todos os estágios de suas carreiras e nos ajude a aprimorar o atendimento ao paciente por meio da comunicação e do trabalho em equipe nas equipes médica e de diagnóstico.


A comunicação e o trabalho em equipe entre o clínico e o patologista são fundamentais.


Acesse o artigo completo em:


Skin biopsy guidelines: tips and advice from veterinary pathologists to practitioners https://doi.org/10.2460/javma.22.12.0586


Agradecemos aos autores pela autorização concedida e recomendamos a você leitor, que acesse o artigo completo para informações detalhadas.


Sobre a autora do post

Dra Aline Santana é médica veterinária formada pela Universidade Federal de Viçosa, com residência em clínica médica de pequenos animais pela mesma instituição. Possui mestrado e doutorado em Ciências pelo Departamento de Clínica Médica da FMVZ/USP, com período de intercâmbio realizado no exterior (University of Minnesota, Estados Unidos). Desde 2012, Dra. Aline Santana é sócia da Sociedade Brasileira de Dermatologia Veterinária (SBDV). Durante o período de 2015 a 2021, atuou como diretora de mídias e colaboradora da SBDV. Atualmente, trabalha como consultora técnica e produtora de conteúdo na área de dermatologia veterinária.


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