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Um novo conceito de barreira cutânea em cães

Antigamente, quando falávamos de barreira cutânea, logo pensávamos na analogia de "tijolos e argamassa", onde os tijolos representavam os queratinócitos e a argamassa, a matriz intercelular.


Embora esse conceito não esteja incorreto, podemos dizer que ele está incompleto. Atualmente há uma nova perspectiva sobre o que é de fato a barreira cutânea. De maneira didática, a barreira cutânea pode ser dividida em quatro esferas:


  1. Barreira física

  2. Barreira química

  3. Barreira imunológica

  4. Barreira microbiológica


Esse conceito, adaptado da dermatologia humana, já vem sendo bastante discutido nos novos guidelines da dermatologia veterinária. Em um dos artigos da Dra Rosanna Marsella, uma das maiores pesquisadoras veterinárias de barreira cutânea, ela afirma que os queratinócitos estão longe de ser uma barreira física inerte.


Ou seja, a própria barreira física da pele não é tão simples quanto parece. Ela está completamente interconectada com as barreiras imunológica e microbiológica.


Sabe-se, por exemplo, que os microorganismos comensais (barreira microbiológica) da pele estimulam as defesas imunes inatas e adaptativas, através da liberação de peptídeos antimicrobianos e outras ações. Essa interconexão demonstra como essas barreiras trabalham em conjunto para proteger e manter a saúde da pele.


Mas qual é a aplicação prática desse novo conceito?

Entender essa perspectiva das múltiplas barreiras da pele permite uma abordagem mais holística e eficaz. Por exemplo, simplesmente hidratar a pele de um cão atópico e pensar que vai estar fortalecendo por completo a barreira cutânea pode ser um grande equívoco.


Se a barreira microbiológica estiver comprometida, devido a uma infecção secundária, por exemplo, a proteção da barreira cutânea estará também comprometida. Logo, hidratação é sim importante, mas não deve ser vista como uma solução isolada; é essencial também considerar o controle das disbioses por meio de tratamentos orais e/ou tópicos.


Outro ponto de aplicação prática é quando falamos de pesquisa e inovação. Compreender as múltiplas barreiras da pele abre novas possibilidades para desenvolver novos ingredientes ativos em formulações tópicas. Esses ingredientes podem não só ajudar a restaurar a integridade da barreira física da pele, mas também fortalecer a barreira química contra agentes irritantes, apoiar a função imunológica e promover um microbioma cutâneo saudável.


Conclusão

Por isso, quando pensarmos em barreira cutânea, devemos ir além desse conceito de "tijolos e argamassa". 


Além de sua função como barreira física, a barreira cutânea desempenha papéis significativos nas esferas química, microbiológica e imunológica. Essas funções interconectadas trabalham em conjunto para proteger o organismo contra ameaças externas e desempenhar as funções fisiológicas essenciais da pele.




Sobre a autora   

Dra Aline Santana é médica veterinária formada pela Universidade Federal de Viçosa, com residência em clínica médica de pequenos animais pela mesma instituição. Possui mestrado e doutorado em Ciências pelo Departamento de Clínica Médica da FMVZ/USP, com período de intercâmbio realizado no exterior (University of Minnesota, Estados Unidos). Desde 2012, Dra. Aline Santana é sócia da Sociedade Brasileira de Dermatologia Veterinária (SBDV). Durante o período de 2015 a 2021, atuou como diretora de mídias e colaboradora da SBDV.


Atenção: Este texto é uma criação original e está protegido pela lei de direitos autorais. Todos os direitos estão reservados à autora, sendo proibida a reprodução, distribuição, exibição ou qualquer forma de uso sem a expressa autorização por escrito da autora. Qualquer uso não autorizado do conteúdo deste website constitui violação dos direitos autorais e estará sujeito a medidas legais.


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